domingo, 23 de março de 2014

Google trabalha em lentes de contato inteligentes que medem glicose de diabéticos

O Google anunciou n que está trabalhando em lentes de contato inteligentes com chips, sensores e antenas. Não é um Google Glass que você pode colocar no seu olho, mas é bem interessante: as lentes ajudarão pessoas com diabetes a monitorarem regularmente o nível de glicose.

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Pessoas com diabetes devem verificar constantemente o nível de glicose no sangue para evitar complicações futuras, como insuficiência renal, ataque cardíaco ou problemas na visão, por exemplo. Para fazer isso, elas precisam espetar o dedo com uma agulha várias vezes ao dia. Não é a coisa mais agradável do mundo, então muitos fazem a verificação com menos frequência do que deveriam.
Então, o Google revelou que está testando lentes de contato com um minúsculo sensor de glicose e um chip wireless, localizados entre as duas camadas da lente, que fazem o monitoramento uma vez por segundo com base nas lágrimas. Sem dor! Além disso, o Google está querendo melhorar o protótipo ao adicionar LEDs que acendem automaticamente quando o nível de glicose ficar muito baixo ou muito alto, alertando a pessoa imediatamente.
As lentes de contato vêm do Google X, o laboratório misterioso do Google que já revelou um carro autônomo, os óculos inteligentes e um projeto para prover acesso à internet por balões. Mas talvez você já tenha lido algo sobre elas há algum tempo: é que os cofundadores do projeto, Babak Parviz e Brian Otis, haviam apresentado as lentes para a Microsoft no final de 2011. Este era o vídeo divulgado na época:


Fonte: http://tecnoblog.net/ e http://googleblog.blogspot.com.br/2014/01/introducing-our-smart-contact-lens.html



domingo, 16 de março de 2014

PL 2177/2011 - Tecnologia e Inovação

Brasil poderia economizar 85 bilhões de dólares que hoje são gastos na importação de produtos não fabricados no País justamente por falta de tecnologia

Substitutivo de Sibá Machado ao projeto do Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação permite ao pesquisador que seja servidor público trabalhar para a iniciativa privada por até 416 horas ao ano. O Executivo, no entanto, só aceita 260 horas.

Sibá Machado: Brasil gasta 85 bilhões de dólares na importação de produtos não fabricados aqui por falta de tecnologia.
O projeto do Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (PL 2177/11) já está pronto para ser votado pela comissão especial criada para analisá-lo. A proposta deverá compor o novo marco para o setor científico no País.
O substitutivo ao texto original, do deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), foi apresentado em outubro do ano passado pelo relator, deputado Sibá Machado (PT-AC), depois de várias rodadas de discussões com o governo e empresas de pesquisa, privadas e públicas, que participaram de audiências promovidas pela comissão.
Segundo Sibá Machado, a ideia é criar ambientes cooperativos e de geração de produtos inovadores. O caminho encontrado pelo relator passa, por exemplo, pela polêmica flexibilização do regime de dedicação exclusiva de pesquisadores vinculados a entidades públicas. Pela proposta, o pesquisador que for servidor público poderá trabalhar para uma empresa privada por até 416 horas ao ano, o equivalente a cerca de 7 horas semanais.
Esse ponto encontrou resistências no governo, mas Machado afirmou que o diálogo avançou. "De certa forma, está praticamente acertado, só estamos decidindo ainda o banco de horas. O Executivo só aceita 260 horas e nós queremos avançar para 416, que é a média da Europa, Japão, China, Estados Unidos”, destacou.

Biodiversidade

O relator apontou ainda outra questão a ser resolvida: o acesso à biodiversidade. Segundo Machado, o necessário combate à biopirataria não pode impedir o trabalho dos cientistas. "A rigidez é tamanha que hoje um pesquisador que precisa de uma amostra viva para fazer mestrado ou doutorado só consegue a licença para ter acesso a essa amostra quando os cursos já estão se encerrando”, sustentou.
O texto também busca simplificar procedimentos de contratação, de compras e de importações. Machado observa que o objetivo é reduzir o esforço e o risco administrativos associados a projetos de pesquisa.
Atualmente, conforme ressaltou, ao fazer uma aquisição, o pesquisador se submete à mesma legislação de licitação aplicada a gestores como prefeitos e governadores, o que constantemente atrasa o andamento dos trabalhos.

Micro e pequenas empresas

O relator destacou ainda a criação de um mecanismo para incentivar micro e pequenas empresas a investirem em inovação tecnológica. De acordo com ele, não se trata de subsídio para compor o capital da empresa, mas, sim, um investimento na pesquisa.
Dados do Ministério do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio Exterior, acrescentou Sibá Machado, revelam que o Brasil poderia economizar 85 bilhões de dólares que hoje são gastos na importação de produtos não fabricados no País justamente por falta de tecnologia.
Depois de aprovada na comissão especial, a proposta seguirá para votação em Plenário.



Fonte: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=518068

sábado, 1 de março de 2014

Qualidade e a pertinência de órteses, próteses e materiais especiais adquiridos são de difícil avaliação por parte de quem paga ou de quem se beneficia deles

O mercado de planos de saúde padece de um problema econômico clássico: a assimetria de informação entre seus atores. Tal assimetria é origem de diversos conflitos e tem forte impacto na eficiência global dos sistemas de saúde público e privado.

Um dos temas no qual esses efeitos nocivos são observados de forma dramática é a indicação e compra de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs). A informação é assimétrica, pois a qualidade e a pertinência dos bens e serviços de saúde adquiridos são de difícil avaliação por parte de quem paga ou de quem se beneficia deles. Consequentemente, o financiador e o consumidor desses serviços e bens dependem da decisão técnica dos profissionais de saúde, que são os detentores da informação. Ainda que a autonomia do profissional de saúde deva ser preservada, alguns efeitos perversos precisam ser mitigados.

As OPMEs são parte dos custos da saúde e sua relevância têm aumentado ao longo do tempo. Além do alto custo de alguns desses materiais, gestores públicos e privados de saúde apontam discrepâncias de preços entre produtos equivalentes. São também frequentes as inconsistências entre quantidades e marcas indicadas para quadros clínicos similares, assim como existem denúncias de recebimento de “comissões” por profissionais pelo uso de um determinado material. Essas distorções não só reduzem a eficiência do setor como recaem, invariavelmente, nas contas dos gestores públicos de saúde e dos consumidores de planos. Resolver a questão implica em compreender um quadro multifacetado e mobilizar uma agenda coordenada de ações nas áreas pública e privada.

Um primeiro aspecto dessa agenda diz respeito aos problemas de concorrência nas cadeias produtiva e de comercialização das OPMEs. Em uma indústria que produz inovações que precisam ser financiadas, alguns produtos possuem patentes e gozam de monopólio legal por certo período, o que torna esses produtos mais caros. Em contrapartida, não parece haver justificativa econômica razoável para preços na verdade elevados não em função do custo de fábrica, mas devido às altas margens na distribuição e na comercialização. Nesse sentido, ações de defesa da concorrência para reduzir barreiras à competição na distribuição e uma maior transparência dos preços podem trazer significativas reduções de custos.

Em um setor com assimetria de informações entre os agentes, outra ação importante é a busca de maior consenso acerca de aspectos técnicos da indicação clínica das OPMEs. A partir de evidências empíricas é possível fazer avaliações de custo-benefício de tecnologias de saúde. É necessário também determinar e divulgar diretrizes e protocolos clínicos de utilização que tornem mais evidente a real necessidade dos materiais em cada caso. Nesse sentido, o Brasil já conta com valorosa contribuição prestada ao Sistema Único de Saúde (SUS) pelo Comitê de Incorporação de Tecnologias (CONITEC), órgão ligado ao Ministério da Saúde que, através de recomendações técnicas, tem trazido maior racionalidade para o uso de tecnologias, incluindo as OPMEs. É fundamental, portanto, fortalecer cada vez mais o CONITEC e dotá-lo de capacidade de produzir mais análises, não só focadas nas necessidades do SUS, mas de todo o setor de saúde brasileiro.

Sem prejuízo da autonomia do profissional de saúde, a sociedade brasileira precisa discutir o que fazer com eventuais casos de corrupção nessa área. Hoje, profissionais eventualmente remunerados pela indústria - diretamente ou através de benefícios - para indicar determinada OPME podem sofrer sanções éticas de seus respectivos conselhos profissionais. Como os sistemas público e privado de saúde dependem da repartição de recursos limitados, gasto desnecessário em um serviço seguramente representará perda de recursos que poderiam salvar vidas e recuperar a saúde das pessoas, o que deixa a pergunta: será uma sanção ética do profissional tudo o que a sociedade considera adequado para casos de abuso?

Por fim, o principal desafio diz respeito aos incentivos econômicos ligados ao modelo de pagamento de hospitais e médicos. Na maioria dos casos, os serviços e insumos são pagos um a um, em um modelo ao qual a literatura internacional se refere como fee-for-service. Tal sistema de remuneração incentiva um maior uso de insumos. A mudança, portanto, para modelos mais “empacotados” de serviço com acompanhamento de seus resultados assistenciais certamente traria uma lógica mais eficiente para o processo. O modelo de diárias globais e pacotes, já utilizado pelo SUS, traria para o setor privado um mais adequado compartilhamento do risco com os prestadores de serviços, gerando maior racionalidade no uso de OPMEs e outros insumos. Associar esse modelo ao uso de incentivos para melhorar a remuneração de profissionais e hospitais de acordo com o valor agregado ao paciente é uma combinação com grande potencial para reduzir o custo geral do sistema e aumentar a qualidade da assistência.

Em julho de 2013, em conjunto com representações dos hospitais e das operadoras de planos de saúde, a ANS iniciou uma série de projetos-pilotos para mudar o modelo de pagamento. Essa é certamente uma mudança estrutural que deve estar na pauta das lideranças do setor interessadas em um modelo de saúde com menos desperdício e mais qualidade.

Evidenciada a complexidade da questão, fica claro: a implementação de uma agenda que traga mais transparência para preços; uma punição mais dura para os casos de abuso de profissionais; mais protocolos, diretrizes e avaliações de tecnologia em saúde e a mudança do modelo de pagamento certamente trarão uma nova perspectiva. Essa perspectiva permitirá que as OPMEs sigam salvando vidas e evitará que custos desnecessários continuem pesando nos bolsos dos contribuintes que sustentam o SUS e dos consumidores de planos de saúde.

Fonte: Por iG São Paulo , por Bruno Sobral *